quarta-feira, 28 de julho de 2010

MISSA DE DE DOIS ANOS SEM ISABELLA


Será realizada nesta terça-feira, às 20h, a missa de dois anos de morte da menina Isabella Nardoni, na Paróquia Nossa Senhora dos Prazeres, na Parada Inglesa, Zona Norte de São Paulo. A garota morreu no dia 29 de março de 2008, após cair do sexto andar do Edifício London, também na Zona Norte da capital paulista. Na madrugada do último sábado, o pai da garota, Alexandre Nardoni, e a madrasta, Anna Carolina Jatobá, foram condenados pela morte da criança. O pai de Isabella foi condenado a 31 anos de prisão, e a madrasta, a 26. Eles estão presos em penitenciárias de Tremembé, cidade a 140 km de São Paulo.

A missa será celebrada pelo padre Humberto Robson de Carvalho, que conduziu a missa de um ano de morte de Isabella e que batizou a criança. A família, inclusive a mãe da menina, Ana Carolina Oliveira, deve comparecer, segundo a paróquia. A igreja fica na Avenida General Ataliba Leonel, 3013.

O aniversário da morte de Isabella fez o movimento de pessoas que visitam o túmulo da garota no Cemitério Parque dos Pinheiros, crescer nesta segunda-feira. Flores, cartazes e até um bichinho de pelúcia foram deixados por populares no jazigo da família.

TÚMULO DE ISABELLA,RECEBE FLORES APÓS JULGAMENTO



Na manhã seguinte ao julgamento do casal Nardoni, o túmulo da menina Isabella recebeu flores e homenagens. Segundo a administração do cemitério Parque dos Pinheiros, em Jaçanã, na capital paulista, o sábado foi de pouca movimentação, mas um grande número de pessoas é esperado para a próxima segunda-feira, quando o assassinato completa dois anos.

A tecelã Dolores de Almeida Fleming, 63 anos, foi uma das pessoas que compareceu ao cemitério para homenagear a menina. Ela deixou uma mensagem escrita à mão no jazigo de Isabella na tarde deste sábado. Ela é moradora do Jardim das Palmas e disse que acompanhou o caso pela imprensa. "Desde o dia do crime acompanho o caso e tomei amor na menina", disse emocionada.


Túmulo de Isabella Nardoni vira ponto de romaria em SP


O julgamento de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá movimenta profissionais da comunicação e curiosos em frente ao fórum de Santana, onde o caso está sendo julgado. A pouco mais de 10 km do local, pessoas de diversos cantos do país procuram o túmulo da menina Isabella Nardoni, no cemitério Parque dos Pinheiros, no bairro do Jaçanã.

No vídeo a seguir, funcionários do cemitério afirmam que o túmulo recebe diversas visitas, incluindo pagadores de promessas e excursõe





Mãe de Isabella pede R$ 100 mil de indenização por livro de Sanguinetti
Ação de danos morais quer impedir publicação e comercialização de obra.

Ana Carolina Oliveira, mãe de Isabella Nardoni, assassinada em 29 de março de 2008, entrou na Justiça de São Paulo com uma ação indenizatória por danos morais no valor de R$ 100 mil contra o médico alagoano George Sanguinetti por causa do livro “A morte de Isabella Nardoni - Erros e Contradições Periciais”, que ele escreveu e pretende publicar ainda este ano. A obra, que não teve a autorização da família Oliveira para ser feita, inocenta o casal Nardoni, condenado em março deste ano pela morte da menina, e diz que o assassino foi um pedófilo não identificado. O processo
o processo entregue na segunda-feira (24) no Fórum de Santana, na Zona Norte da capital, quer impedir a publicação, divulgação e comercialização da obra literária sob a justificativa de que ela agride a memória da menina morta aos 5 anos de idade e também causa constrangimento à sua mãe. Por telefone, a advogada de Ana Oliveira, Cristina Christo Leite, confirmou à reportagem ter entrado recentemente com uma ação, mas não quis dar mais detalhes sobre ela ou comentar o assunto.

Em 87 páginas, o livro de Sanguinetti discorda da decisão dos jurados. O casal Alexandre Nadoni e Anna Carolina Jatobá, respectivamente pai e madrasta de Isabella, foi condenado a mais de 30 anos de prisão pela morte da menina. Ambos dizem ser inocentes. O texto, ao qual o G1 teve acesso, critica o trabalho dos peritos e volta a reafirmar a existência de uma “terceira pessoa”, mas, desta vez, “revela” que o criminoso é, na verdade, um pedófilo, que abusou sexualmente da garota e a matou.

Procurado pela reportagem, Sanguinetti afirmou que vai esperar ser comunicado oficialmente pela Justiça para informar quais medidas irá tomar sobre a ação que quer barrar seu livro. O autor, no entanto, diz que não quis ofender nenhum familiar da menina.

“Ainda negocio o lançamento do livro com editoras, mas garanto que não há nenhuma alusão que denigra a imagem de Isabella ou sua família. Insistirei na publicação do livro e irei para qualquer tribunal. Estou fazendo o que meu país me permite: a liberdade de expressão. Responsabilizo-me pelo que escrevi. Fiz uma análise meramente técnica de um caso de grande repercussão. E reforço que não precisava pedir aturorização da família porque é um caso público”, declarou Sanguinetti, que já chegou a ser contratado pela família Nardoni para analisar os laudos periciais sobre a morte da menina.
Imagem de livro sobre caso IsabellaPedófilo (Divulgação)

Fotos de Isabella e boneca
Não é a primeira vez que Ana Oliveira entra com uma ação na Justiça contra um livro sobre o caso Isabella. Em junho de 2009, o gaúcho Paulo Papandreu, que também é médico, publicou “Isabella”, que apresentava outra explicação para a morte da garota: “acidente doméstico”. Segundo ele, a garota caiu sozinha do sexto andar do Edifício London, na Zona Norte de São Paulo.

O livro, que exibia uma foto de Isabella, não agradou a mãe da menina. Ela entrou com uma ação contra as imagens e o conteúdo da publicação. Em outubro, uma decisão judicial proibiu a venda e determinou o recolhimento dos 10 mil exemplares. O processo, no entanto, só será concluído após a sentença. Cerca de R$ 200 mil foram pedidos de indenização. Se a causa for ganha, a mãe de Isabella disse que doará o dinheiro a uma instituição de caridade.

Precaução

Ganhador do prêmio Jabuti de literatura de 1998 pelo livro “A Morte de PC Farias: O Dossiê de Sanguinetti”, o médico alagoano disse que ainda teve a preocupação de não exibir nenhuma foto de Isabella neste novo livro que trata do caso. “Me precavi. O primeiro passo foi o de não colocar nenhuma foto de Isabella, qualquer citação da família dela ou cópia de documento original do processo. Faço linguagem técnica a partir de achados. A polícia e a perícia deveriam ter investigado uma terceira pessoa”, disse.

“A morte de Isabella Nardoni - Erros e Contradições Periciais” contém fotos de uma boneca para representar a menina e desenhos feitos à mão de um suspeito, apontado como o pedófilo. O restante das páginas é de cópias de documentos de pareceres que Sanguinetti já fez sobre o caso.

“Sim, quem matou Isabella foi um pedófilo. As lesões encontradas no seu órgão genital são iguais a de uma criança abusada sexualmente. Ela caindo sentada, como afirmou a perícia paulista, não teria lesões como as que ficaram em seu corpo”, afirmou Sanguinetti. Os peritos dizem que as lesões na genitália são decorrentes da queda do sexto andar.
Imagem de livro sobre caso IsabellaBoneca representa Isabella no livro (Foto: Divulgação)

Leia abaixo o trecho do livro no qual ele tenta reproduzir como Isabella foi morta possivelmente por um pedófilo:

“A provável e talvez única motivação para o crime, para que ela fosse jogada do 6º andar do Edifício London foi desviar o foco do atentado sexual. Para que não fossem descobertas as lesões na genitália de Isabella e também impedir o reconhecimento do pedófilo. Acredito que a menor estava adormecida na cama, quando o infrator baixou a calça e a calcinha e a vulnerou com toques impúdicos, dedos, manuseios, etc. Ela acorda e grita papai...papai...papai e para...para..para, como foi descrito por testemunhas que ouviram os gritos de Isabella, audíveis até no 1º andar e no edifício vizinho. Os depoentes que ouviram os gritos, testemunharam que foram minutos antes da precipitação. Na tentativa de silenciá-la, de ocultar a tentativa de abuso sexual, a menor é jogada para a morte. Quando iniciei meus trabalhos, relatei meus primeiros achados e divulguei: ‘procurem o pedófilo, procurem o pedófilo,’ mostrando a causa real da morte de Isabella. No prédio ou nas cercanias, havia alguém com antecedentes de pedofilia? Os que trabalharam anteriormente foram investigados sob esta ótica? Repito: ‘Procurem o pedófilo! Procurem o pedófilo.’”, escreve Sanguinetti.

Isabella Nardoni morreu no dia 29 de março de 2008. Nardoni foi sentenciado a 31 anos, 1 mês e 10 dias; Jatobá, a 26 anos e 8 meses de prisão. Os dois estão presos em Tremembé, a 147 km da capital paulista. Eles sugerem que alguém entrou no apartamento enquanto Isabella dormia sozinha e a matou. Roberto Podval, advogado do casal, entrou com pedido na Justiça pedindo a anulação do júri. A solicitação será julgada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo. Caso seja negada, a defesa poderá recorrer a outras instâncias superiores, como o Superior Tribunal de Justiça e o Supremo Tribunal Federal.

A mãe de Isabella Nardoni, a bancária Ana Carolina Oliveira, de 25 anos, afirmou na tarde deste sábado (27) que está feliz com a condenação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina em março de 2008. “A justiça está feita, mas minha filha não vai voltar”, disse, emocionada, em frente ao prédio onde mora, na Vila Maria, Zona Norte de São Paulo



“Não pude acordar hoje e ter o abraço dela [Isabella]”, lamentou. “O vazio ficou e a saudade ficará.” Ana ficou sabendo do resultado do julgamento, divulgado na madrugada deste sábado, por uma mensagem no celular. Alexandre foi condenado a 31 anos de prisão e Anna, a 26 anos.
Apesar de ter entrado na sala do júri para prestar depoimento, na segunda-feira (22), Ana não chegou a ver o casal Nardoni. "Quando eu entrei na sala eu não consegui vê-los. Eu estava bastante tensa. Eu não consegui enxergá-los, mas também nem era do meu interesse olhar para a cara deles."



Para ela, é muito difícil chegar próximo ao casal. “É muito difícil você estar frente a frente, é cruel, é deprimente você estar frente a frente com a pessoa que em vez de zelar pela integridade dela, eu entreguei ela para passar o final de semana com ele viva, inteira, sem um arranhão. E não foi isso que eu obtive naquela noite.”



Isolamento

Ana ficou isolada em quatro dos cinco dias de julgamento no Fórum de Santana. A defesa de Alexandre e Anna Jatobá pediu autorização para que a mãe de Isabella ficasse à disposição para uma possível acareação com o casal. Para ela, isso foi uma surpresa. “Quando eu terminei de falar, o juiz pediu para eu ficar. Demorei um pouco para entender porque o advogado deles falou que eu ia dar uma entrevista coletiva, mas eu não tinha nem cabeça.”

Eu não consegui enxergá-los, mas também nem era do meu interesse olhar para a cara deles"

O quarto onde ficou de segunda a quinta-feira era pequeno, tinha uma bicama e outras duas camas. Para circular o ar, havia um ventilador, mas o quarto era muito quente. "Algumas vezes fui até a sala da enfermaria por me sentir mal, para medir a pressão.”



Durante os três dias de isolamento, ela contou ter lido um livro inteiro, chamado “Aline”. “Fiquei isolada, sem saber de nada. Foi o processo da morte da minha filha, que eu não pude acompanhar. Achei uma maneira cruel eu não estar lá. Fiquei muito abalada, fiquei bem mal”, afirmou. “Procurei me cuidar para poder suportar aquele momento, mas fiquei quase em uma prisão, não podia me comunicar com ninguém, não tinha minha família.”


Eu diria que regredi os dois anos que eu tentei progredir



Ao ser liberada, na noite de quinta-feira, Ana afirmou que estava muito abalada. Por isso, ela preferiu não acompanhar a decisão do júri. Segundo o promotor Francisco Cembranelli, a assistente de acusação Cristina Christo enviou a mensagem assim que a sentença foi lida, pois Ana estava ansiosa para saber a decisão.



Após toda a tensão dos últimos dias, Ana Carolina contou estar sendo acompanhada de perto por seu terapeuta. “Foi muito difícil essa semana toda, não era algo que eu estava esperando, ficar presa. Eu diria que regredi os dois anos que eu tentei progredir.”

Expectativa

Com ar bastante cansado e cercada pela família, ela contou que a expectativa dos últimos dias –parte dos quais passou isolada no Fórum de Santana– a deixou muito cansada. Por isso, ainda não pensou no futuro. “Ainda estou em uma fase de processamento. Ontem [sexta] aquele dia todo de tensão, você não tem muito tempo para analisar, a ficha está caindo. A partir de segunda tudo vai começar, vou retomar a vida de novo.”

“A condenação foi uma resposta de que a justiça foi feita. Era o que eu esperava, era o que eu estava confiante, sabia que tinha muita gente competente trabalhando todo esse tempo.” Além da camiseta com imagem da filha, ela estava usando uma corrente com um pingente em forma de coração com uma foto dela e da filha – segundo ela, uma maneira de carregar Isabella com ela todos os dias.

Sobre os fogos de artifício soltos no fórum após a sentença, ela disse que foi uma reação esperada das pessoas. “Foi uma maneira de as pessoas externarem tudo aquilo que elas sentiram, pela injustiça, pela impunidade, por toda aquela tragédia.”

Ela também comentou o regime de progressão que permitirá que os dois condenados saiam da cadeia antes do fim da pena: “Eu acho que existe uma falha na lei em relação a isso”.

Ana aproveitou a ocasião para ressaltar que acredita que o juiz Maurício Fossen “foi muito ético e competente” e agradeceu ao apoio recebido durante os últimos dois anos. “Deixo meu carinho, abraço e gratidão.”

gloria perez



'Foi muito bonita a hora da sentença', diz Gloria Perez sobre júri do casal Nardoni


Autora de novelas acompanhou, na plateia, julgamento do caso Isabella.
Para ela, pessoas ficaram 'absolutamente convencidas' da culpa do casal.


A autora de novelas Gloria Perez comentou na noite deste sábado (27), em entrevista à Globo News, o momento da leitura da sentença que condenou Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá pela morte da menina Isabella Nardoni. Ela acompanhou o julgamento do casal na plateia do plenário 2 do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo. “Foi muito bonita a hora da sentença, porque, da sala do júri, a gente ouvia o público gritando e os fogos explodindo”, disse.


Gloria acompanhou a leitura da sentença de mãos dadas com a família da mãe de Isabella, a bancária Ana Carolina de Oliveira. Enquanto o juiz Maurício Fossen lia a decisão, fogos de artifício estouravam do lado de fora do prédio. “Aquelas pessoas que estavam ali não eram apenas curiosos, eram pessoas com sede de justiça, carregando cartazes pedindo justiça.”


Para a autora, a decisão aumentará a confiança na Justiça. “Para a população inteira, deixou uma confiança muito maior na Justiça. O doutor [Francisco] Cembranelli, para essas pessoas, se tornou um ícone, uma representação de que a justiça é possível num país onde se desacredita tanto nela. Eu acho que deixou essa lição”, afirmou em relação ao promotor.

Ela disse que a exposição de Cembranelli deixou as pessoas “absolutamente convencidas” da culpa do casal. “Foi um julgamento que, realmente, é um divisor de águas porque, pela primeira vez na Justiça brasileira, eu vi um julgamento que você pode condenar com absoluta certeza. Um julgamento que não depende da confissão, da subjetividade do depoimento das testemunhas. Era a prova concreta, técnica, com aquilo com que não se discute.”

ANTONIO NARDONI


tranquilo' por não ter feito mal à filha

Ele lamentou comemoração de público durante leitura de sentença.
‘Temos convicção de que eles não fizeram nada’, acredita avô de Isabella.



O pai de Alexandre Nardoni, o advogado Antônio Nardoni, disse nesta segunda-feira (29) que o filho está com o “coração tranquilo”, porque sabe não ter feito nada contra Isabella. Alexandre e Anna Carolina Jatobá foram condenados na madrugada de sábado (27) pela morte da menina, ocorrida há dois anos. O avô de Isabella visitou o filho na penitenciária de Tremembé, neste domingo (28). “Ele tem tranquilidade, está com o coração tranquilo, porque sabe que não fez nada contra a filha dele”, afirmou.

Antônio Nardoni afirmou que só tem “a lamentar, porque há outras duas crianças [filhos mais novos do casal] que sofrem com a falta do pai e da mãe”. “É muito difícil para a gente, temos convicção de que eles não fizeram nada. Eu lamento muito que nossa Justiça seja assim, agradando a alguns, sem buscar a verdade”, disse ele. Para o avô de Isabella, o casal foi condenado sem um prova sequer.

Ele também comentou a comemoração fora do prédio do Fórum de Santana, na Zona Norte de São Paulo, durante a leitura da sentença. Pessoas que esperavam o resultado soltaram fogos de artifício e o barulho podia ser ouvido dentro do plenário. “Eu acho lamentável, o Brasil deve ter ganhado a Copa do Mundo. As pessoas estavam comemorando o quê? Que minha neta continua morta e condenaram dois inocentes?”




Antônio e a mãe de Alexandre estiveram com o filho neste domingo (28), no primeiro dia de visitas após a condenação. Enquanto seguia para a entrada do presídio, o pai comentou rapidamente sobre a condenação. “Acho que a pena já estava dosada há dois anos", afirmou. Ele disse que ainda crê na anulação do julgamento. “Nesse país, é difícil acreditar em alguma coisa, mas nós acreditamos.”

Os advogados que defendem o casal Nardoni recorreram da condenação neste sábado (27), logo após a decisão dos jurados. Até agosto de 2008, o réu tinha direito a ser julgado novamente se a condenação fosse acima de 20 anos. Mas essa regra não existe mais na nova lei. Como o assassinato de Isabella foi antes dessa mudança, alguns juristas acham que a defesa vai poder buscar na Justiça o direito de anular esse julgamento.

‘O caso Isabella não acaba aí’, diz advogado do casal Nardoni

Segundo ele, ‘circo’ teve fim, mas agora haverá etapa técnica ‘racional’.
Promotor, no entanto, diz não acreditar em recurso.





Após cinco dias de embate entre o promotor Francisco Cembranelli e o advogado de defesa Roberto Podval, o casal Nardoni foi condenado pelo júri. Para Podval, no entanto, o caso Isabella está longe do fim. “Acabou o júri. Acabou o grande circo que a população buscava. Eu tenho esperança agora que começa o prazo em uma etapa técnica, em uma fase racional. Eu peço que a população respeite essa família tão sofrida, deixe que pelo menos a família continue a vida dentro de um mínimo de respeito”, diz. "Na minha visão, a gente ainda não sabe o que aconteceu, na minha visão talvez a gente nunca venha saber o que tenha acontecido."



Já o promotor Francisco Cembranelli diz que não acredita que o recurso, feito logo após o resultado pelo defensor, vá culminar na anulação do júri. “Não terá sucesso nenhum esse tipo de recurso. A lei diz que um julgamento só pode ser anulado pela instância superior, pelo mérito, se a decisão do júri for absurdamente contrária à prova dos autos.”

Não é só nesse ponto que os dois discordam. Veja a seguir:

Acusação x defesa


Francisco Cembranelli: “Eu não acredito que houve nenhuma perda e a vitória alcançada se deu em razão da qualidade do trabalho feito. Houve um esforço muito grande de profissionais competentes para apresentar o resultado ao conselho de sentença.”

Roberto Podval: “Por um lado o doutor Cembranelli brigava e utilizava da força da modernidade, da força da perícia. E por outro lado, ele utilizava um discurso de lombroso. Lombroso é aquele que dizia que o homem com a cabeça grande é criminoso. Não havia provas contra eles, a perícia errou. A perícia fala em esganadura, mas a perícia não chega em quem teria esganado aquela criança.”

Reação popular

Francisco Cembranelli: “Eu entendo que o julgamento foi de alto nível e deveria ser mantido até do lado de fora, claro que as pessoas ficam curiosas, poderiam estar na frente do fórum fazendo as tais vigílias, mas eu sempre pedi que houvesse calma por parte da população.”

Roberto Podval: “É assustador, é assustador. Nós íamos a um julgamento e eu não poderia entrar pela porta da frente. Para chegar ao fórum, eu tinha de ir cada dia com um carro diferente para não saberem que era eu. Tinha que ter reforço policial para me acompanhar. Eu não podia sair para almoçar, porque o dia que eu saí, eu apanhei.”

Os jurados

Francisco Cembranelli: “Os jurados todos chegaram com uma ideia e isso foi muito divulgado e era impossível que alguém não soubesse do caso Isabella, mas, no momento em que os jurados foram sorteados, eles ficaram absolutamente confinados e eles estavam bem preparados, sabiam da importância da missão.”

Roberto Podval: “Os jurados são membros da própria sociedade. A sociedade está contaminada, não é possível que eles não estivessem.”

O que levou à condenação

Francisco Cembranelli: “Um conjunto de provas bem produzido e exposto. Felizmente eu tive o equilíbrio e o bom senso de fazer uma acusação respeitosa, mas firme, eficiente e que pudesse ser compreendida pelo conselho de sentença.”

Roberto Podval: “A opinião pública, o que foi construído durante esses dois anos e que era impossível ser desconstruído em cinco dias. Tudo que está provado nos exames técnicos, eu vou partir da premissa que é verdade. Aí eu pergunto: a prova técnica chega à autoria do delito? E a verdade é não.”

A sentença

Francisco Cembranelli: “Eu não discuto muito pena, o juiz tem seus critérios, se eventualmente houver um recurso da defesa questionando a quantidade, isso vai ser apreciado por câmaras criminas com competências, com conhecimentos técnicos profundos.”

Roberto Podval: “A pena representa o clamor que o juiz também sentia todo dia que ele entrava no fórum. Foi justa? Se você levar em consideração a pena proporcional ao clamor popular, foi. E foi essa porque não tinha pena de morte, se não, iriam condená-los à morte. Se ela foi justa dentro do enredo do caso, é difícil adequá-la ao caso, porque a gente não tinha a verdade do que aconteceu.”