quarta-feira, 28 de julho de 2010

24.03.2010 TERCEIRO DIA DE JULGAMENTO


Começa terceiro dia de julgamento do casal Nardoni

Agência Estado
Começou às 10h16 o terceiro dia de julgamento do casal Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, acusados de matar a menina Isabella Nardoni, de 5 anos. O primeiro depoimento a ser ouvido será o da perita Rosângela Monteiro, do Instituto Médico Legal (IML), testemunha comum à defesa e à acusação.

Após o testemunho de Rosângela, ainda há dez testemunhas de defesa listadas para depor. No entanto, o advogado dos Nardonis, Roberto Podval, disse, ao chegar para o julgamento, que pretende dispensar metade delas para terminar de ouvi-las ainda hoje.

Às 9h44, chegou ao Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, a avó materna de Isabella, Rosa de Oliveira. Rosa acenou, mas preferiu não falar. Também acompanham o julgamento o avô paterno da menina, Antônio Nardoni, e a tia de Isabella Cristiane Nardoni.



Isabella entrou sangrando no apartamento, diz perita


Agência Estado
Rosângela Monteiro, perita criminal convidada para depor tanto pela defesa quanto pela acusação de Alexandre Nardoni e Anna Carolina Jatobá, foi enfática: o sangue encontrado no carro e apartamento do casal era de Isabella. Munida de laudos técnicos, a testemunha disse que é possível afirmar também que a menina já entrou sangrando no apartamento, carregada, contradizendo assim a alegação inicial da defesa de que a vítima foi agredida dentro de casa por uma terceira pessoa.

A promotoria pediu para a testemunha, que começou a depor no terceiro dia de julgamento por volta das 10h25, reforçar suas credenciais. Após apresentar um extenso currículo acadêmico e profissional, destacando "os 30 anos na área forense", Rosângela afirmou que o local do crime "foi um dos mais preservados" que já encontrou em sua carreira.

A pedido de Francisco Cembranelli, que representa a acusação, a perita confirmou que, ao seu ver, ninguém na defesa possui treinamento para lidar com os reagentes que os peritos usaram para ter certeza de que o sangue era de Isabella. "O que chamou mais atenção foi as gotas de sangue que estavam na soleira da porta, de fora para dentro", destacou.

A perita disse ao júri realizado no Fórum de Santana, na zona norte de São Paulo, que no carro do casal foram identificadas três manchas de sangue: no assoalho, no banco do motorista e no lado esquerdo de um assento de bebê, no banco traseiro. Dois vestígios não foram possíveis analisar. O terceiro, encontrado ao lado da cadeira, tem elementos do DNA de Isabella e de um indivíduo do sexo masculino, que leva a crer ser o filho dos Nardonis.

Para perita, marcas em camiseta comprometem pai

Agência Estado
A perita Rosângela Monteiro, do Instituto de Criminalística (IC), disse em depoimento à Justiça que as marcas de poeira na camiseta do réu Alexandre Nardoni só podem ter sido causadas pela pressão de seu corpo contra a tela que protegia a janela por onde o corpo da menina Isabella Nardoni foi jogada. Segundo a perita, testes feitos com a tela original e com um modelo da mesma altura e peso de Alexandre comprovaram que as marcas só ficariam impressas na roupa se a pessoa estivesse segurando um peso de, no mínimo, 25 quilos.

"As marcas não foram produzidas por alguém que simplesmente passou a cabeça pela tela", afirmou Rosângela ao júri. A perita está sendo ouvida pelo juiz Maurício Fossen e pelos sete jurados desde as 10h30 de hoje. Às 13h12, o juiz interrompeu a sessão para um intervalo de uma hora. Assim que o julgamento for retomado, Rosângela será questionada pelo advogado dos réus, Roberto Podval.

Rosângela coordenou a perícia feita no apartamento do casal Nardoni, onde Isabella foi morta em março de 2008. A perita é testemunha tanto da acusação como da defesa no processo. Na primeira parte de seu depoimento, a perita foi questionada pelo promotor do caso, Francisco Cembranelli. Rosângela falou sobre a análise feita pela Polícia Científica em uma fralda encontrada dentro de um balde com água no apartamento dos Nardoni.

"Havia dezenas de roupas sujas pelo apartamento, a máquina de lavar estava vazia, então a fralda no balde chamou a atenção, pois estava fora de contexto", disse ao juiz. De acordo com a perita, a fralda tinha duas ou três manchas acastanhadas que, a partir de exame, comprovou-se serem de sangue humano. "A fralda foi usada dobrada para tamponar um sangramento. É possível concluir isso pelo desenho da mancha na fralda", disse a testemunha.

Perguntada por Cembranelli se havia a possibilidade de o reagente usado no teste provocar um resultado falso, Rosângela explicou que é possível, mas que o erro costuma ser detectado por um perito experiente. Segundo ela, pela intensidade e duração da luz emitida pela mancha durante o exame, a amostra era sangue.

Cena do crime


O promotor questionou ainda a perita sobre a reprodução simulada do crime, feita no Edifício Residencial London. A testemunha explicou que os procedimentos naquele momento eram "meramente ilustrativos" e que não havia necessidade de arremessar a boneca, que representava Isabella, pela janela ou reproduzir o corte na tela de proteção, igual ao feito pela pessoa que jogou a menina.

"Se eu tivesse o corpo da vitima à disposição para a reprodução simulada, e o jogasse da janela, ele cairia cada vez de uma forma diferente. Isso não prova nada", explicou a perita. "Nunca foi procedimento pericial arremessar objetos para ver a trajetória da queda", emendou.

A perita reafirmou que na cadeirinha de bebê do carro de Alexandre foi encontrado material genético de Isabella e de um dos filhos do casal. O material, explicou a perita, não é necessariamente sangue, mas pode ser, por exemplo, saliva ou vômito.

Antes de o juiz conceder o intervalo da sessão, Rosângela confirmou à assistente de acusação, Cristina Leite, que do prédio localizado ao lado do London seria perfeitamente possível escutar uma eventual discussão ocorrida no apartamento em que ocorreu o crime. Moradores do edifício vizinho ao London disseram na época do crime, em depoimento à polícia, terem ouvido uma briga no apartamento dos Nardoni na noite do assassinato.

Réus

Durante as explicações, Rosângela mostrava aos jurados, sob a orientação do promotor do caso, fotos dos objetos a que se referia, como a fralda e as manchas de sangue encontradas no apartamento. Imagens dos testes com a tela de proteção, feitas no IC, foram mostradas em um telão. Alexandre Nardoni, que estava sentado à direita do telão, esticou-se para ver a apresentação, acompanhando atentamente cada palavra de Rosângela. O réu chamou duas vezes o assistente de defesa durante o depoimento da perita.

Já Anna Carolina Jatobá, sentada ao lado de Alexandre, permaneceu a maior parte do tempo recostada na cadeira. Quando Rosângela Monteiro afirmou que as marcas da tela de proteção na camiseta de Alexandre só poderiam ter sido causadas por alguém que tivesse inclinado na janela para jogar a menina, Anna Jatobá encarou a perita.

Alexandre veste camiseta verde clara, calça jeans, tênis preto e óculos de grau. Anna Carolina está de blusa rosa claro, calça jeans preta e sapatilhas lilás, com as unhas pintadas de branco. A ré está com o cabelo preso em um rabo de cavalo.

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